A Mãe Divina –
Por Dolores de Souza Soutinho
Seria incompleto qualquer estudo sobre a Divindade se não considerássemos o seu Aspecto Feminino. Em todas as religiões Ela é venerada como o Espírito Santo, como sucede no Cristianismo, apesar desse Aspecto Feminino ser cultuado em Nossa Senhora: a Mãe Sempre Virgem.
No Hinduísmo, ao lado da Divindade masculina como Kartri está a sua Shakti(contraparte feminina, a Deusa Narayana, que é a sua outra parte ou Aspecto Feminino). Os hindus chamam de Caminho da Direita ou Diritta a adoração de Deus como Mãe, como Amor, o caminho que conduz à espiritualidade.
Na Índia, a maternidade é profundamente respeitada porque é compreendido integralmente o Aspecto Feminino no culto divino.
No Antigo Egipto, Deus-Mãe era adorada sob o nome de Ísis. A esposa divina de Osíris, no Egipto, representava a Natureza em seu aspecto produtor e criador; é o ideal da esposa fiel, assim como o da mãe carinhosa, aquela que recusa qualquer repouso enquanto não conseguir “recolher os 14 pedaços” do corpo mutilado de seu esposo Osíris. Ela é a Grande Mãe que guia o seu Filho Hórusatravés de todos os perigos e adversidades.
Na Grécia antiga existiam numerosas divindades femininas. Lá encontramos Deus-Mãe Deméter, a Grande Mãe Terrestre, representando a fecundidade da Natureza.
Na Ásia Menor, séculos antes de Cristo, o culto à Grande Mãe foi o principal acto religioso.
Na América pré-cabralina, chamavam-na de Mama-Quilha, a Mãe Branca, que identificavam com a Lua. Os tupis chamavam-na Jaci, a Mãe dos Frutos, que devido à lenda de Indaiá se confunde com a formosa Iracema.
No culto à Mãe Divina há sempre a Lua, o Mar, as Águas…
Foi em Éfeso que se ergueu uma das maravilhas do Mundo: o Templo de Artemisa. Na Antióquia, nums gruta, Cibele era adorada como a Grande Mãe.
Disse Vivekananda: “Mãe, tua Luz não se detém entre o santo e o pecador; ela anima o amante e o pecador”. A Mãe Divina manifesta-se através de todos. A Luz é sempre pura e imutável. Através de cada criatura manifesta-se a Mãe Divina, amorosa e invencível. A Matéria existe através Dela. Tudo o que vemos é Deus através da Natureza-Mãe.
Ramakrishna, devido à sua pobreza, foi destinado, em sua adolescência, a ser sacerdote de um templo dedicado à Mãe Divina, chamada também de Prakriti ou Kali, e representada por uma figura feminina em pé sobre uma figura masculina deitada. Esta alegoria significa: até que Maya desapareça, nada podemos conhecer. Ou seja, que Brahma é Neutro, Desconhecido e Incognoscível, porém, para objectivar-se cobre-se com o Véu de Maya, converte-se na Mãe do Universo. Deste modo se produz a Criação. A figura masculina prostrada (de Shiva ou Deus) acha-se aparentemente morta, pois está coberta por Maya.
Pitágoras ensinava que a manifestação da Lei, ou Deus, se processa com o aparecimento de uma polaridade, ou seja, o Eterno Masculino (Purusha) e o Eterno Feminino (Prakriti).
Orfeu exprime essa mesma ideia quando nos fala de Júpiter, o Esposo e a Esposa Divinos.
Na polaridade Yang e Yin, estão as duas Forças básicas da Cosmogonia chinesa.
Há um princípio chamado de polaridade, por Hermes, o Trismegisto, que diz: “Tudo é duplo, o igual e o desigual são a mesma coisa; tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados”.
O Jnani diz: “Eu descobri Deus pela Força”. O dualista exclama: “Descobrimos Deus orando à Mãe, rogando que nos abra a porta cuja chave só Ela possui”.
A Mãe Divina é a primeira manifestação do Poder, e é considerada como uma Ideia mais elevada que a do Pai. Misericordiosa, Poderosa e Omnipotente, são atributos Dela. A Mãe Divina é toda a energia e manifestação do Poder no Universo.
A soma total de todas as células num organismo constitui uma pessoa. Assim, cada alma humana é uma célula de Deus e a soma delas é o próprio Deus. Mais além disso está o Absoluto. O Absoluto é como o mar calma, e esse mesmo mar, com ondas, é a Mãe Divina. Ela é o Tempo, o Espaço e a Causa; Deus é Mãe e tem duas naturezas: condicionada e incondicionada. Como condicionada é Deus, Natureza e Espírito. Como incondicionada é Desconhecida e Incognoscível. Do incondicionamento procede a seguinte trindade: Deus, Natureza e Espírito, ou seja, o triângulo da existência.
O Poder da Criação é a Matéria fecundada pelo Espírito Divino. Neste eterno dualismo é que encontramos os fundamentos das inúmeras religiões que ainda hoje procedem aos seus cultos.
A Mãe Divina é a Alma do Mundo, a Natureza Invisível, a Luz Primordial. Dendo a primeira a vibrar sob o Impulso Divino, encerra em Si mesma a essência de todos os seres. Em seguida é a Terra, onde as almas encarnam. Depois é a Mulher.
Nas palavras de Aurobindo compreendemos o trabalho da nossa Obra, quando ele diz: “Uma aspiração vigilante, constante, incessante, a vontade do Espírito, a pesquisa do Coração, o consentimento do Ser Vital, a vontade de abrir e de tornar plásticas a consciência e a natureza física”.
São três as maneiras de ser da Mãe Divina: Transcendente, Universal e Individual.
A Transcendente: a Suprema Shakti Original que se mantém acima dos Mundos.
A Universal: a Maha-Shakti, a Mãe Universal. A Natureza é apenas um aspecto exterior Dela, pois a Mãe Divina se manifesta em tudo que pode ser visto ou não visto, na movimento da Vida.
A Individual: coloca-se entre a personalidade humana e a Natureza Divina.
Diz ainda Aurobindo: “A Mãe Divina, em seu profundo e grande amor por seus filhos, consentiu em vestir o manto da obscuridade, condescendeu em sofrer os ataques e as influências torturantes dos poderes das trevas e da mentira, suportou atravessar o portal do nascimento que é uma morte, tomou para si as agonias, as tristezas e os sofrimentos das criaturas, pois parecia que somente assim a Criação poderia ser elevada até à Luz, até à Alegria e a Verdade, até à Vida Eterna. É o grande sacrifício de Purusha, mas muito mais profundamente, o holocausto de Prakriti, o sacrifício da Mãe Divina”.
Entre os grandes atributos da Mãe Divina, encontramos os seguintes: Sabedoria, Energia, Harmonia e Perfeição. Ou seja, a Sabedoria que nos conduz aos Tesouros do Conhecimento Secreto; a Energia como uma Força impetuosa, um esplendor da Força Vitoriosa de Deus; a Harmonia que é o milagre da Eterna Beleza, o segredo da Harmonia das Esferas; e a Perfeição, que para ser alcançada exige da Mãe Divina um grande esforço, ainda que leve eternidades… Por isso mesmo, Ela nos aceita com todas as nossas imperfeições.
No estudo dos Arcanos do Tarot, percebemos a Mãe Divina em diversos aspectos. No Arcano 2 Ela é a Suprema Sacerdotisa, a Divindade se polarizando. No Arcano 3 Ela se liberta da subjectividade e se torna a Inteligência Criadora, rege todos os princípios e todas as leis. No Arcano 8 Ela é Mãe e Filho, a Força e o Poder, é a Mãe Divina agindo como Força Realizadora no Julgamento dos seres da Terra. No Arcano 13 Ela é a Transformação (“Aquele que não se transforma, passa pela segunda morte”, palavras de JHS). E na Arcano 22 Ela é a Laurenta, a Laureada, a Vitória dos Quatro Animais da Esfinge.
A Mãe Divina é a Polaridade que dá início a todas as forças de atracção e repulsão, é o Segundo Logos. No Universo é a Força Vital, é a Natureza Actuante. É Ela a intermediária entre o Espírito e a Matéria. Buscamo-la no simples acto de respirar, pois dessa forma nos oferece a Energia Vital. Ela é a Essência que subsiste a tudo, é Imortal, renova-se sem cessar.
É através da Mãe Divina que é feito o Universo, porém, velado pela Véu de Maya. Ela trabalha toda a natureza inferior.
Para se servir à Mãe Divina, deve-se ser constante e vigilante, por isso mesmo temos sempre de nos lembrar das palavras da nossa Grã-Mestra: “Vigilância dos Sentidos”. É com essa vigilância que teremos a nossa mente e o nosso coração voltados para o Deus Interno, e ter uma Transformação Integral.
A Mãe Divina é a Suprema Actividade que impulsiona as formas de evolução.
No aspecto antropogénico, vemo-la como Imperatriz de Agharta, com o o sacrossanto nome de Goberum, senão, a Rainha de Melki-Tsedek ou Adamita. É Aquela que traz em seu seio o Loto das mil e uma pétalas. É o Som Universal (o ODISSONAI).
Saudemos a Rainha-Mãe que representa em um só corpo o número 9 e o número 10. Procuremos ver a nossa Grã-Mestra como um Andrógino; é Ela que cavalga o Dragão de Ouro, equilibrando com o seu Filho o Trono de Deus.
Com este trabalho, homenageamos a nossa representante da Mãe Divina na Face da Terra, na pessoa de Dona Helena Jefferson de Souza, a nossa Grã-Mestra.
Glória a Allamirah, Lorenza, Helena Iracy, Goberum, Tara-Muni e as 49 Flores da Maternidade.
Salve a Grã-Tríade, aquela que tem Três Reinos: a Face da Terra, Duat e Agharta – a Mãe Geradora dos Três Corpos do Tríplice Rei Maitreya.
BENDITA SEJA A MÃE DIVINA!
BENDITA SEJA ALLAMIRAH!
BENDITA SEJA HELENA JEFFERSON DE SOUZA!
(Revista Aquarius, Ano 7, N.º 24, 1981)
A MULHER
Dolores de Souza Soutinho
A Mulher, em sua natureza, é uma expressão do “Aspecto Feminino da Divindade”. Na família humana vemos, em miniatura, a projecção da Grande Família Divina, pois o ETERNO aí está representado no Pai e na Mãe e, em sua expressão de Amor-Actividade, também está no Filho.
Por que essa mesma TRINDADE se encontra também na família humana? Porque nós somos uma parte do ETERNO, que se apresenta “tulkuisticamente” como Sabedoria, através do Pai, como Amor, através da Mãe, e como Actividade, através do Filho.
Esta mesma trilogia pode ser encontrada, sob outras denominações, em vários lugares e diversas tradições, como, por exemplo, na tradição egípcia: OSÍRIS, HÓRUS e ÍSIS; na tradição hindu: BRAHMA, VISHNU e SHIVA; e na cristã: PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO. Neste último exemplo, fica evidente a correlação que existe entre o Espírito Santo e o “Aspecto Feminino da Divindade”, tendo Deus como o Pai, e toda a Criação como o Filho. Do mesmo modo, encontramos na família humana a expressão dos Três Logos.
Senão, vejamos: Sob uma outra forma de representação, podemos também expressar a mesma realidade, a mesma trilogia, com múltiplas significações, mas todas verdadeiras: No que se refere à Mulher, vemos que é com a letra M que se escreve: MULHER, MÃE, MARIA, MAIO, MAR, MAYA, MATER-RHEA, MATÉRIA, MAITREYA, etc. O M é a 13.º letra do nosso alfabeto, se mantivermos a letra K (como deveria ser…), e corresponde à 13.ª letra do alfabeto hebraico, o MEM, que, como ideograma, é a expressão que designa a Mulher, como companheira do Homem, e evocando, também, a ideia de tudo quanto é fecundo, capaz de criar… É, pois, o signo maternal, feminino. Nos Arcanos Maiores, vamos encontrar as três letras-mães, que são: o ALEPH (Arcano I), o MEM (Arcano XIII) e o SHIN (Arcano XXI), representando, também, o “Ternário Supremo”. Podemos, então, estabelecer as correlações a seguir: ARCANO I – ALEPH – Deus em movimento, começo das coisas, o PAI. ARCANO II – MEM – A Morte, Transformação, a MÃE. ARCANO XXI – SHIN – Deslumbramento pela volta ao Divino, o FILHO. O MEM expressa o Segundo Logos, o Princípio Transformador Universal (ao mesmo tempo, Destruidor e Construtor); é representado nos Arcanos por um esqueleto ceifador (A Morte), expressando o seu aspecto dual: Transformação ou Morte, pois, conforme nos ensina o nosso Mestre, o Professor HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA, quem não se transforma, morre… Por isso, todos temos que nos transformar, mas a Mulher, sobremaneira, como expressão viva do próprio Arcano XIII, tem que se transformar, para po sempre as suas emoções, para conservar-se permanentemente livre de sentimentos erróneos… pois as suas qualidades intuitivas só estarão em seu máximo grau quando ela estiver equilibrada, com o seu coração cheio de ternura. Todas as Mães devem ser uma manifestação incondicional do próprio Amor de Deus. Sim, quando uma Mãe se esforça para aperfeiçoar o seu amor, de modo a que este não se torne possessivo e limitado, então, será ele transmutado em “Amor da Divina Mãe”… Amor incondicional mas que não é cego, é capaz de ver quando os filhos erram, continuando a amá-los não obstante os seus erros, mas sem com isso abonar as más acções, nem encobri-las. Ao perder a sua Mãe (humana), pela completa separação psicológica, deve o ser humano reencontrá-la na Divina Mãe, pois aquela que aprendemos a amar como crianças não era senão a representação da verdadeira, a Mãe Cósmica… É um grande privilégio, pois, podermos amar a Deus como o Divino Pai, ao buscarmos a Sabedoria, e como a Divina Mãe, quando buscamos o Perdão. Devemos, portanto, aprender a fazer o trabalho da Mãe Cósmica como se fizéssemos o trabalho de nossa própria Mãe (como Ela o é, de facto), pois nós estamos neste mundo para amá-La e ajudá-La em sua divina Causa, que também é nossa, como mulheres que somos, e assim estaremos auxiliando a nós próprias. Todas as formas de amor humano, em sua perfeição, estão aprisionadas no Amor de Deus. A Mulher, por sua natureza divina e majestosa, realiza a mais sublime de todas as Missões, pois é ela a primeira morada da criatura humana e traz em seu ventre a representação da Tríplice Manifestação Logoidal, expressa pelo útero e os dois ovários…
A Mulher que faz todo o esforço possível para que o seu Lar seja bem formado, dando orientação correcta e ternura aos filhos, é uma Mulher ajustada às Leis do Novo PRAMANTHA! É necessário que a Mulher saiba que não é o Homem que a libertará, mas que a Mulher liberta (interiormente, como é evidente) tem o poder de libertar o Homem!… Por isso, é importante que a Mulher ocupe o seu devido lugar, aquele que lhe é reservado pela Lei Divina e que, por isso, jamais compromete a sua feminilidade. Mas é necessário que a Mulher sinta qual é o seu DEVER, e que saiba que, se não o cumprir, será eternamente uma escrava, acorrentada pelas suas próprias mãos… Diz um provérbio chinês que “por uma mulher que vive na ociosidade, morre de fome um indivíduo”… De facto, a Mulher precisa sair do marasmo em que se encontra e tomar parte activa em todos os problemas sociais, juntamente com o Homem e com os seus filhos, e, apesar disso, sem nada perder da sua feminilidade. A Mulher que adquire o conhecimento da Lei é sabedora dos segredos da Natureza e das suas obrigações para com a mesma. Por esta razão, deve conhecer muito bem as LEIS DO KARMA E REENCARNAÇÃO, bem como a LEI DA POLARIDADE que poderá orientá-la correctamente, e também àqueles que dela dependem, nas questões relativas à convivência humana, às dificuldades no relacionamento humano, etc. Além disso, é indispensável o autoconhecimento, para poder empreender a correcção dos seus aspectos sombrios que impedem a sua própria evolução. Sim, a Mulher deve tomar parte na sociedade, junta com o Homem e os filhos, mas sem esquecer, jamais, que o seu Reino é o LAR. Quanta alegria íntima e ternura proporciona ela a si mesma amando o esposo e educando os frutos desse amor… O Amor é o fim para onde caminham todas as aspirações humanas, mas deve ser orientado pela Sabedoria Divina… Como disse Johann Kaspar Lavater: “Do amor nascerá a luz, – Propriedade da Comunidade Teúrgica Portuguesa 34 da luz sairá a verdade, da verdade a união dos povos, da união dos povos a liberdade, e da liberdade a eterna felicidade”… Sim, felicidade que se expressa, em nossa vida objectiva, como consciência do DEVER CUMPRIDO… e não no sentido bastardo que lhe dão os que são contrários à LEI UNIVERSAL! Por esta razão, cada mulher, e cada homem também, deve chegar à condição de se tornar o seu próprio Guia Espiritual, pois todos temos raciocínio, capacidade cerebral necessária para aprender, e ainda a consciência da responsabilidade dos nossos actos. Sim, é preciso ousar, sem esquecer, no entanto, o dever de assumir a responsabilidade dos seus actos, sem pretender transferir a outrem a culpa das suas próprias fraquezas.
O nosso EU se esclarece na proporção exacta dos esforços que empregamos, pois a Verdade está dentro de nós mesmos. Toda a Mulher deve, portanto, fazer da sua vida um sacerdócio do Amor, mas do Amor-Sabedoria, razão porque ela deve ilustrar-se, instruir-se, para que não fique a sua razão, a sua inteligência, coberta pelo espesso véu mayávico do sentimentalismo.
A Mulher é o alicerce, e o Homem é o pilar do Edifício Social. Por isso, observa Charles Albert que “é evidente que a sociedade há-de transformar-se no sentido do altruísmo, da harmonia e da liberdade, isto é, no sentido da natureza feminina”… Deste modo, o Lar é, sem dúvida, a primeira e mais importante escola do CARÁCTER, pois é ali que se vai formar o ser humano, tornando-se bom ou mau, dependendo da orientação que receba. O Lar faz o Homem; daí poder-se considerar a família como a escola mais importante da civilização. O amor maternal é a providência externa de uma raça. A sua influência é a mais constante e universal de todas. A educação dada pela Mãe é a mais humana de todas, pois se o Homem expressa a Cabeça a Mulher é o Coração da Humanidade. Ela é a graça, o sentimento e o consolo. A Mãe faz com que amemos aquilo que o Homem (o Pai) nos fez crer. A respeito da Missão Divina e Universal da Mulher, o nosso Mestre, Professor HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA, através de uma síntese maravilhosa, assim se expressa: “A Mulher que dá seu filho para o bem da Humanidade, esta Mulher não é Mulher, mas a FLOR DA MATERNIDADE”!… Sim, a influência da Mulher é a mesma em toda a parte. Em todos os países e regiões, tanto os costumes como o CARÁCTER dependem dela. Logo, instruir a Mulher é instruir o Homem e a população toda, pois à Mulher cabe a tarefa de zelar pelo LAR, como sacerdotisa do Fogo Sagrado que ali deve crepitar sob os seus cuidados, razão porque, além de aninhar em si muitas virtudes, não pode a Mulher deixar de possuir méritos intelectuais, de inteligência e sabedoria, sem os quais será ela incompleta e dificilmente realizará a sua Missão, que se completa através do Homem e dos filhos. O marido tem deveres a cumprir para com a esposa, da mesma forma que a esposa os tem com o marido. E é justamente no cumprimento do dever de um para com o outro e de ambos para com a Lei Universal, que se conforma aquilo que podemos chamar de felicidade conjugal. Uma Mulher pode questionar a extensão das suas obrigações como esposa, mas nunca poderá discutir as suas obrigações de Mãe e Mestra… A Mulher não é só o auxílio, mas também a consolação. A sua simpatia não cessa e apazigua, alegra e alivia. Uns dizem que a boa Mãe é aquela que é abnegada. Outros, a que tem muito amor. Podemos afirmar, no entanto, que saber ser Mãe é, tão-somente, saber ser digna de assim se chamar. A boa Mãe é aquela que sabe ser equilibrada, tendo as duas Faces: a do Amor e a do Rigor! Tanto a Mulher como o Homem carregam em si um universo inteiro, que precisa ser conhecido e respeitado.
Se cada um souber respeitar o seu próprio universo e o dos seus semelhantes, estará pensando em parte o enorme sacrifício de Seres como KRISHNA, CRISTO, BUDA e J.H.S., através da elevação do seu estado de consciência. Sim, ser Mãe é expandir a própria consciência… É um verdadeiro sacramento que não deve jamais ser profanado… A Mulher deve saber que o acto de ser Mãe envolve, além do aspecto físico, os aspectos psíquico e espiritual, que são tão ou mais importantes que aquele. De facto, a Mulher pode “ser Mãe” espiritual e psiquicamente, sem que o seja fisicamente. A Mulher precisa se educar no sentido de transcender os limites de uma personalidade particular, de modo a chegar a sentir que “todos os seres são seus filhos”, pois isto é representativo de um elevado estado de consciência… A Mulher que quiser realmente levar a cabo a sua Missão, de acordo com a LEI, terá que iniciar-se! Esta é a razão de ser de uma Escola Iniciática como a nossa. Sim, é a de elevar o nosso estado de consciência, a de aumentar a nossa frequência vibratória, isto é, a de transformar a Vida-Energia em Vida-Consciência, ou em outras palavras: evoluir! Cabe, pois, a nós mulheres, compreender que CARÁCTER É DESTINO, já que o destino é reflexo do carácter.
Devemos, por isso, ensinar aos nossos filhos a procura do BEM, do BOM e do BELO em todas as coisas e em todas as situações, apesar da adversidade das aparências. Devemos ter sempre em mira a Força Divina que vibra no nosso interior, que nos dá o poder interno, pois a felicidade real reside na mente e no coração equilibrados. Deste modo, é da boa orientação e educação dos filhos que depende todo o futuro, e se dá completa razão ao escritor Samuel Smiles quando diz, em seu livro O Carácter, que “a primeira escola de disciplina moral, e a melhor, como já temos demonstrado, é o lar doméstico”… Muitas Mulheres se sobressaíram na História da Civilização. No Brasil, temos Mulheres extraordinárias como uma Catarina Paraguassu, Maria Quitéria, Ana Néri, Anita Garibaldi, etc., assim como no Mundo temos uma Joana d´Arc, uma Marie Curie e a grande mártir do século XIX, Helena Petrovna Blavatsky. Por isso se diz, também, com muita propriedade, que “por detrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”… Nessa frase sobressai a importantíssima função da Mulher como Força ou SHAKTI, determinando, na verdade, a Actividade Criadora do Homem, como sua Inspiração, sua Musa, agindo segundo a sua natureza positiva. Cosmicamente, vamos encontrar as Grandes Mães do Universo, as PLÊIADES ou KRITTIKAS.
Na representação da Mãe Universal, temos a figura da Deusa LAKSHIMI, aquela que traz por umbigo um Loto Sagrado. O trabalho iniciático, como sempre nos ensina a nossa Grã-Mestrina, D. Helena, é despertar o indivíduo, é levá-lo a manter-se sempre alerta, isto é, vigilante dos sentidos! Por isso, para encerrar este nosso estudo, nada melhor do que rememorar as palavras da nossa Mãe ALLAMIRAH: “Não há amor mais sublime do que o materno; é um amor sem traços vergonhosos, sem lágrimas; é um amor impoluto. Na Terra, este amor é o único amor que nenhuma mulher tem vergonha de ter… É um amor eterno – o amor de seu filho, o amor pelas crianças. Há amor e há amor materno. Este amor materno é um amor, como eu disse, que jamais se extinguirá na Terra, nem nos Céus, nem na Terra (embaixo).
Este amor existe nos Três Mundos… Só este amor pode vencer barreiras, pode vencer tudo no mundo… É um amor puro, um amor sem pejo!…” Que essas sábias e lindas palavras inspirem a todas as Mulheres, de modo que se sintam impelidas a cumprirem o DEVER para com a Lei Universal, para com a Divindade, para com a Humanidade.
Revista Aquarius, Ano 2, N.º 7, 1976