Transformação da Energia Sexual
A discussão sobre energia sexual é clássica. Todos temos ouvido sobre a necessidade de controlar nossa sexualidade e sobre o poder derivado da transformação da energia
Swami Satyananda Saraswati fala sobre Transmutar a Energia Sexual:
Esta é a primeira vez que tenho esta conversa em companhia mista, assim por favor desculpem-me se estou um pouco hesitante. Desejamos conversar sobre energia sexual.
Existem dois caminhos, o caminho de Viagra, e o caminho de Vairagya, eles estão intimamente associados, somente opostos. Certamente o caminho de Viagra é o caminho da estimulação e expressão externa e o caminho de Vairagya é o caminho interior. ‘Vai’ significa sem, e ‘raga’ significa paixão. E um vairagi é um tipo de sanyasi na linha Vaishnava. Ele quem é livre da paixão. Também raga significa atividade.
Assim vairagya significa reduzir nossas ligações com as atividades. Assim, estamos interessados, presumidamente, no caminho de vairagya, no caminho de nos livrar-nos da paixão e livrar-nos das atividades. E eu desejo falar sobre um vocabulário que nos dá novas palavras, convida novos conceitos, assim podemos fazer nossa jornada mais eficientemente.
De fato o conceito de energia sexual não tem nome em Sânscrito, há somente energia. E não há energia sexual ou energia espiritual ou esta energia ou aquela energia. Há somente shakti, energia. E quando nós prestamos atenção a esta shakti, é como ela se manifesta em nossa vida, em nosso comportamento, em nossas atividades.
Assim, quando conversamos em Inglês sobre energia sexual, estamos somente dizendo a nossas mentes, nossa fisiologia está se movendo além da sexualidade. A energia é a mesma. Desejamos falar sobre o processo de transmutar, transformar esta energia que estamos prestando atenção nas áreas sexuais, em energia espiritual que nos leva mais além em direção às nossas metas.
Uma vez que temos esse entendimento, nos tornamos fortalecidos para desistir de buscar relacionamentos frívolos. Não temos que sair e buscar relacionamentos que não trabalham para nós. Podemos despender mais tempo para trazer esta energia mais para cima, em direção a nossa meta. Por isso desejo falar sobre esse novo vocabulário.
O primeiro passo certamente, são os orgãos dos sentidos. No homem é chamado Lingam e na mulher, Yoni. O Yoni tem também outro nome, é também chamado de chit kunda, o recipiente de consciência, porque ninguém vai ao yoni sem colocar toda a consciência . Não é algo que se faz casualmente. Em nosso livro Kali Puja traduzimos um paddhoti, um sistema de adoração para puja chamado garbhadhan. Além do yoni está o garbbha, o útero, que é onde as sementes são incubadas. O que chamamos de garbhadhan é o colocar as sementes na incubadora, dentro do útero.
Temos muitos mantras que usam esse termo garbha. Hiranyagarbha, o útero dourado, é o útero que incuba as sementes. De fato, aqui é onde as distinções entre macho e fêmea param. Daqui para frente há somente um vocabulário para descrever o processo, porque ambos, macho e fêmea são chamados shukra. Shukra significa as sementes da vida, e também significa brilhante e claro, limpo e puro, que significa que as sementes da vida são fornecedoras de claridade e pureza. No Kali Sahasranama, há muitos nomes onde as qualidades de Shukra são integradas, como, shukra vrishtipradayini and shukra samudranivasini. Em um sentido no corpo grosseiro, ela á a fornecedora das sementes da vida. Em outro sentido, ela reside no oceano da pureza ou claridade, que gera a vida. Assim o é em qualquer modo que desejamos tomar o entendimento o qual aplicaremos em nosso sadhana e em nossa vida.
Quando eu traduzi o Kali Sahashranam, usei o termo claridade para representar as sementes de vida. Mas as sementes de vida são igualmente aplicáveis. Agora mais sutil que shukra é ojas. Ojas é o corpo sutil de shukra.
Shukra é o corpo grosseiro, que aparece fora, que une, que procria a vida de outro ser. Ojas é o corpo sutil. O objetivo de nossa prática será tomar tudo de sukra que deseja fluir para fora, para o mundo e levá-lo para dentro, transformando em Ojas e trazer Ojas para cima.
Quase como uma ejaculação da forma sutil, ela sobe.
Agora, para conseguir isso mais eficientemente, existe umas poucas técnicas chamadas “bandha”. A bandha é a contração dos músculos. Para praticar isso, você se sentará no swastik asana, com seu calcanhar no muladhara até ao máximo de sua capacidade. E se você se sentiu em um estado de excitação sexual, e prestando atenção a energia sexual, então você poderá se sentar no asana e praticar o bandha. O mulabandha é a contração dos músculos no ânus, e você somente fecha o ânus, e aperta o fundo, trazendo a energia para cima. E como a energia sobe sua forma sutil, na forma de ojas, vem através do swadishtana, ao manipura chakra, onde você pratica o madyamikabandha, contraindo os músculos abdominais.
Assim você pratica primeiro no mulabandha, e traz esta energia ao manipura, então você pratica o madyamikabandh, e contrai os músculos abdominais e continua subindo até ao coração .
No coração vem o uttarbandha, onde você contrai os músculos do coração como quando você está amando muito, sentindo tanto poder, empoderado pela sakti que está subindo. Agora não há mais energia sexual, é a Shakti. E esta shakti vem vindo ao cakra do coração. Enchendo o coração com a essência do que estamos buscando nesta expressão de energia. Estamos transformando a paixão sexual em amor, e transformaremos Ojas em Tejas e tejas significa luz.
Se você contrair os músculos do peito e subir em seu coração e sentir uma luz surgindo mais e mais você vai ao uttarabandha. Aqui você traz esse tejas shakti ao agnya chakra, e através do sahasrara, e traz mais e mais alto tanto quanto possível, quase como tendo uma ejaculação da forma sutil que sai pelo topo de seu crânio e alcança o caminho dos planetas. E isso é chamado fazer amor. Assim o mulabandha contrai os músculos anais e também aqueles das coxas, e então você traz para cima a energia, para o madhyamikabandha, onde torna-se tão poderosa, tão mais cheia, e através da prática do madhyamikabandha, você vai até ao anahata chakra.
Aqui enche seu coração de muito amor e você está transpirando esta energia . Você quase não consegue se conter, porque você está sentindo muita emoção. Agora você se tornou um vairagi, porque todo o raga, toda a paixão, foi direcionada ao seu amor por Deus. E do uttarbandha, trazemos mais e mais alto deixando ao sentar-se no agyna chakra, o ojas tornar-se tejas. A mente se enche de luz e você sente essa luz, e você vê esta luz vindo mais e mais e mais. E ai podemos meditar.
Então a energia sexual não é mais um obstáculo no nosso caminho, é só energia. E esta é a ferramenta pela qual nos movemos, diretamente, e podemos focar nossa atenção para onde desejamos ir. Ela não nos traz para fora para os relacionamentos que de fato não desejamos. Nos traz para dentro dos nossos verdadeiros objetivos.
Alguma pergunta?
Shree Maa diz:
Patnim manoramam dehi, manovrittanusarinim
tarinim durga samsara, sagarasya kulodbhavam.
Isto é shiva/shakti.
Swamiji explica:
Esta é a união entre Shiva and Shakti; Shiva reside no sahasrara, e shakti reside no muladhara. Ela está vindo na forma de shukra, transformando –se em ojas, tornando-se tejas, e então se unindo. E esta é a verdadeira união, o verso que a Mãe está recitando é do Argala Stotram. Dai-me uma esposa em harmonia com minha mente, esta esposa é Shakti porque quem é que está cantando essa canção? Shiva! A Consciência está pedindo que a energia venha e o ilumine. É o que isso significa!
A respeito do comentário de Shree Maa, Swamiji explica:
Esta esposa. Esta energia, está unindo-se com a alma e levando a alma mais e mais alto. Agora Ela não é mais a energia que nos mantém atados às interações mundanas. Ela é a energia que nos inspira a vir até a mais elevada realização. Só temos que transformar esta energia. Portanto o conceito de energia sexual é de fato impróprio. Um mal entendido. Não há energia sexual, há somente energia! E se não regularmos ou direcionarmos esta energia ela irá nos dirigir. Mas uma vez que nos apoderamos de nós mesmos e clarificamos nossa metas e nossos objetivos, e de fato fazemos o sankalpa, a firme determinação e definição deste objetivo; “Quais são meus valores; o que é importante para mim?” então um verso no Bhagavad Gita diz que todos os pensamentos fluem através da mente do muni, mas o muni nunca reage. Ele é livre da reação. Bata na porta e não há ninguém em casa. Esse é o estado de vaiyagra, liberdade da paixão desencaminhada que nos esforçamos por obter. Desejamos ser apaixonados, mas pelas coisas certas.
Do comentário de Shree Maa, Swamiji continua:
Quando podemos controlar nossos sentidos, então alcançamos a sabedoria de Brahma, a sabedoria da Suprema Divindade, por entender este processo . Do externo, da estimulação do lingam e do yoni e da produção do shukra, tomamos o shukra e extraímos o ojas. Deixamos o ojas subir até tornar-se tejas e deixamos o tejas continuar a subir. Vamos do tejamayi kosha ao anandamayi kosha. Há uma iluminação. Então a definição de shukra como brilhante, claro iluminado, torna-se cada vez mais sutil e conseguimos a união deste modo.
Swamiji pergunta “ Vocês têm alguma pergunta sobre isso?
Uma pessoa pergunta:
Quando você move a energia com os bandhas, você usa a respiração?
Swamiji responde,
“ Sim, você usa. Quando você contrai os músculos você inspira e então puxa esta energia, da mesma maneira que a ejaculação sobe e você vai mais e mais além e não deseja parar. Ir mais e mais alto até atingir o madhyamikabandha, e então no madhyamikabandha, você está praticando pranayama, mas contraindo o plexo solar e assim não tem uma total puraka ou rechaka porque você tem um bandha. Há uma restrição, você não está praticando kumbaka total.
Ao invés de forçar a energia mais e mais , traga-a ao coração e sinta-a no coração . Você sabe o que sente quando o seu coração está tão cheio, que seu peito parece não pode conter . Todos vocês tiveram esta experiência. Seu peito não é grande o bastante para conter seu coração, ele está estourando. E respire aí, onde o ojas torna-se tejas. E agora você não está puxando a força sutil da vida, está puxando luz, radiante luz! E você traz esta luz para cima com a respiração, uddhana, mais e mais até que este corpo não é mais suficiente para conter isso. Só vem mais e mais ao topo, como se você fosse olhar para baixo desde o céu mais elevado naquele corpo que medita, parece que este corpo é só uma parte de você, porque você tirou a consciência dele na forma de luz.”!
Shree Maa comenta:
“Deste modo você pode levitar”.
Swamiji comenta:
“Este é o verdadeiro significado de levitação; é remover sua consciência do corpo e olhar para baixo, elevando sua consciência e não necessariamente elevando o corpo.”
Swamiji pergunta: “Há alguma outra questão?”
Uma pessoa pergunta:
“Isso deve ser usado somente quando você sente algum estímulo, essa prática deve ser usada somente então ?”
Swamiji responde:
“Eu recomendaria usar essa técnica somente quando você sentir alguma estimulação sexual, porque você não quer colocar-se numa posição de estimulação. Mas se você sentiu o estímulo, então tem duas escolhas, pode deixá-la ir para fora ou traze-la para cima. Agora, se você deixar isso sair, que saia com toda pureza, todo agradecimento e toda rendição, como uma maior expressão das sementes da vida unindo-se do modo mais claro, e mais dhármico possível. Mas é melhor trazê-la para cima e transformar o sukra em ojas, e o ojas em tejas e o tejas em chit shakti, a energia da consciência. Tornar-se cheio com a energia da consciência. Essa seria uma técnica se você se sentir propenso ao estpimulo sexual e eu garanto a você que dentro de algum tempo de prática, você esquecerá tudo sobre sexualidade e só olhará para a transformação da energia. Nâo mais será um estímulo sexual. Será parte de uma técnica de meditação”.
Swamiji pergunta: “Alguma outra pergunta?”
Uma pessoa pergunta:
“Quando estamos meditando sentimos esse tejas em nosso coração, pode isso acontecer espontaneamente durante a meditação?”
Swamiji responde:
“ Sim, pode se você desejar fazer isso. Não tem que ser resultado de um estímulo sexual. Pode apenas enchendo seu coração e não praticando o mulabandha ou o madyamikabandha, mas indo diretamente ao uttarbandha. SE você está livre de estímulo sexual poerá ir diretamente ao uttarbandha. Encha seu peito com esse amor, essa energia, esse bhava, e então faça seu coração tão grande que seu peito não possa mais contê-lo, e então tome esse tejas shakti o traga para cima. Isso não tem que começar a partir da sexualidade. Mas se você tem um estímulo sexual, então só há duas escolhas, ou você deixa sair ou traz para cima. E esse é um sistema pelo qual podemos trazer para cima. Por isso desejamos compartilhar isso.”
Om Sam Saraswatyai Namah!
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(advertência: no sistema SV também utilizamos técnicas similares para trasnformar a ‘energia’ essencial em vital e depois ‘espiritual’ – transformando o ciclo lunar em venusiano, mas além de existir outros fases complementares toma-se precauções muito especiais para pessoas com problemas cardíacos e problemas crônicos nas áreas digestivas devem tomar cuidado com esta prática, assim como os homens que não estiverem habituados a meditações de qualquer espécie. Tais técnicas são ancestrais e cultivadas por tradições induístas, tibetanas e chinesas – taoísmo – e xamanicas siberianas, onde com determinadas peculiaridades e técnicas complementares a energia essencial da mulher perdida mensalmente na menstruação é transformada em energia vital e ‘espiritual’ – em Shakti, o grande segredo das sacerdotisas de antes desta era, e ainda utilizada em tradições de círculos secretos femininos. – ver texto:)