Astrosofia - Astrotheasofia = Astrologia Espiritual Feminina Magia Construtiva ou Superior

Astrologia e Teurgia – Astrologia como um Caminho Divino

Astrologia e Teurgia

Astrologia como um Caminho Divino

Fonte: Charlie Obert em https://studentofastrology.com/

Pratico astrologia há muitos anos, e ela se tornou parte integrante do meu caminho espiritual. Sinto uma necessidade crescente de situar a astrologia em um contexto filosófico e espiritual coerente, uma forma de pensar sobre astrologia que dê sentido a todo o meu universo. Isso envolve repensar a natureza da realidade desde o início, uma vez que os tipos normais de suposições que fazemos na cultura mundial do século XXI não permitem que a astrologia faça sentido.

Em suas origens, a astrologia fazia parte de uma visão de mundo mais ampla. Para os praticantes, o estudo da astrologia fazia parte de um estilo de vida disciplinado. Aqui, no século XXI, enfrentamos problemas quando tomamos a astrologia isoladamente, fora de contexto, e a colocamos no meio do nosso mundo moderno fragmentado e materialista.

Astrologia não é superstição nem magia; faz parte de uma ordem universal coerente. Se a astrologia funciona, precisamos nos conformar com essa ordem. Acredito que a astrologia, como é praticada atualmente, carece em grande parte de uma base filosófica coerente, então acabamos tentando explicar nosso trabalho tomando emprestados conceitos do mundo ao nosso redor, sem compreender suas implicações.

Sempre que trabalhamos com astrologia, estamos trabalhando com os Deuses, com a inteligência espiritual viva. Quero meditar sobre o que isso significa para a nossa prática e para as nossas vidas. Esta é a minha tentativa de chegar aos fundamentos espirituais de trabalhar a astrologia como um caminho espiritual, como um modo de vida e como um caminho de volta à união divina.

Teurgia – Obra dos Deuses

Estudante de Astrologia

A palavra teurgia vem de duas palavras gregas que significam “Obra dos Deuses”. Teurgia significa trabalhar com inteligências divinas, aquelas inteligências espirituais criativas e não físicas superiores que os gregos chamavam de Deuses. Teurgia é uma palavra antiga e encantadora que está sendo revivida com um novo interesse em aprofundar a astrologia como prática espiritual.

Precisamos de um contexto geral para entender os deuses como presenças vivas.

Quando falamos sobre os Deuses, é importante lembrar sua fonte e contexto unitivos. Subjacente a tudo está o Um e o Bem, o princípio e fonte eternos e imutáveis ​​de tudo, aquilo que precede tudo o que podemos conceber como existente, incluindo o próprio ser e a própria existência. Há uma Unidade subjacente que une toda a existência, e que está além de qualquer coisa que possamos conceituar.

O modelo mais útil que temos para a natureza dessa unidade subjacente é o de uma Mente global, que traz o universo à existência ao pensá-lo. Isso significa que podemos nos aproximar mais da compreensão dessa realidade subjacente prestando atenção às nossas próprias mentes, à nossa própria consciência.

Nota: Estou sendo muito cuidadoso aqui ao dizer mente e não cérebro . Grande parte da nossa cultura parte do princípio de que a nossa realidade é primariamente matéria e que a consciência, de alguma forma, surge da matéria. Grande parte da nossa ciência moderna se baseia nessa suposição e, dentro dessa visão de mundo, a astrologia não faz sentido. Aliás, se você realmente pensar sobre isso, dentro dessa visão de mundo a complexidade e a riqueza da consciência humana não fazem sentido. Há uma ironia autocontraditória em uma visão de mundo materialista, na medida em que não podemos sequer conceber a matéria sem pressupor uma mente que esteja pensando. A noção de matéria existindo sem uma consciência para experimentá-la não tem sentido.

Sem deixar isso claro, é muito fácil cair na armadilha de pensar nessa realidade subjacente como uma pessoa cósmica lá fora, o Homem Lá de Cima que criou o mundo em Seu laboratório cósmico e está dirigindo e julgando todo o espetáculo. Como Crowley disse, isso seria pensar em Deus como uma espécie de vertebrado gasoso que reside em um lugar vagamente lá em cima, em algum lugar que chamamos de Céu – algo como Cleveland, mas sem a poluição.

Uma visão de mundo materialista dá origem a um conceito materialista e simplista do divino que cria todo tipo de problemas. Grande parte, senão a maior parte, do lado trágico da história humana surge das implicações desse conceito inadequado do divino.

Preciso deixar bem claro que, quando falo dessa natureza divina subjacente, não estou me posicionando em relação ao Deus cristão, nem ao Deus muçulmano, nem ao Deus judeu, nem ao Krishna hindu. Todos esses conceitos de deus apontam para a realidade subjacente, mas não a contêm, nem a explicam, nem a esgotam. Por definição, nenhuma religião ou caminho detém o monopólio do divino. Todas essas religiões podem ser caminhos válidos para o divino; podem ser úteis ou prejudiciais, dependendo de como são praticadas.

Então, novamente, mantenha a noção de uma unidade subjacente que unifica toda a criação, que está além de qualquer coisa que possamos conceber, mas que podemos melhor abordar pensando nela como uma mente subjacente e inclusiva.

Essa unidade subjacente significa que nosso universo criado é um sistema, uma totalidade, uma unidade interativa. Ter múltiplos deuses não diminui esse senso de unidade, mas enfatiza o quão complexo e interativo o sistema é.

Ter essa unidade anterior a qualquer conceito de deus ou deuses também nos ajuda a lembrar que nenhuma forma divina é absoluta ou abrangente. Nenhuma religião, nenhum sistema, nenhuma filosofia detém o monopólio da verdade divina. Precisamos disso para a tolerância e a abertura de espírito em relação a outras religiões e a diferentes escolas de astrologia.

Os Deuses são aquelas inteligências criativas e individualizadoras que emergem do Um e são os arquitetos do universo que habitamos. São deuses dentro de uma unidade.

Isso inclui os deuses planetários com os quais trabalhamos na astrologia.

Os Deuses e Nossas Mentes

Esses deuses não são apenas símbolos, metáforas, arquétipos psicológicos ou conceitos interpretativos. Eles são as forças vivas, inteligentes e criativas dentro de nós, acima de nós, ao nosso redor, que moldam o nosso mundo, que nos dão existência e que nos conectam com a fonte divina de tudo.

Para entender isso, precisamos prestar atenção em como a mente humana funciona. Grande parte da nossa realidade é moldada pelo foco da nossa mente.

Somos o que pensamos.
Tudo o que somos surge com nossos pensamentos.
Com nossos pensamentos, criamos o mundo.
– Dhammapada, ditos do Buda

Nós nos tornamos aquilo em que pensamos. Focar nossa atenção anima, desperta e fortalece aquilo em que estamos focando. Com a astrologia, visto que trabalhamos com os planetas como representantes de deuses, nosso ato de focar nesses deuses os traz à vida em nossas mentes e em nossas vidas.

Quando praticamos astrologia, estamos praticando teurgia e invocando os Deuses, quer percebamos isso ou não.

Quando praticamos astrologia, lidamos com os Deuses, com inteligências celestiais e espirituais. Acho importante que façamos isso conscientemente. Se não o fizermos, corremos o risco de sermos mágicos distraídos, invocando e interferindo com os deuses sem perceber. É melhor termos cuidado com o que invocamos aqui.

Mágicos Distraídos

Nosso universo é um sistema vivo de inteligências.

Quando nos concentramos nos deuses da astrologia, falamos sobre eles, expressamos sua energia, estamos invocando sua presença, quer percebamos ou não. Isso pode acontecer de duas maneiras diferentes.

Por exemplo, certa vez vi uma astróloga local dar uma palestra sobre os planetas para um público em geral, onde ela explicava a natureza dos diferentes planetas. Percebi que, à medida que ela passava pelos planetas, sua fala e gestos assumiam a natureza do planeta que ela descrevia.

Por exemplo, ao falar de Urano, sua fala tornou-se curta, ríspida e um tanto errática, e ela apontava e gesticulava com movimentos rápidos e decisivos. E então passou a falar de Netuno… e seu tom de voz tornou-se mais suave, seus movimentos mais lentos, a linguagem um pouco mais vaga, e ela tendia a perder a linha de raciocínio, e as frases se desvaneciam em uma nuvem indefinida.

Ela estava invocando os planetas conforme os descrevia, e suspeito que ela não estava fazendo isso conscientemente.

Há algo no ato de focar nos deuses, pensar neles, falar sobre eles, que invoca sua presença dentro e ao redor de nós.

Como outro exemplo, existe uma prática popular chamada astrodrama, na qual as pessoas assumem conscientemente as características dos planetas e as representam, para ajudar a compreender suas energias e como elas interagem. Trata-se de um bom teatro e uma técnica de aprendizado maravilhosa – além de ser uma verdadeira invocação das energias planetárias.

Sim, isso é encenação, mas como qualquer pessoa que já trabalhou com rituais entende, há um ponto em que a encenação se transforma em algo mais, e os Deuses assumem o controle. Uma energia ou inteligência que existe em potencial está sendo convocada à manifestação.

Invocar os Deuses intensifica seu efeito; estamos evocando a inteligência do potencial para a realidade. Isso é trabalhar com energia criativa e viva, e precisamos estar cientes disso.

Adivinhação – a Vontade dos Deuses

Algo semelhante acontece quando fazemos uma leitura astrológica. Astrologia é uma forma como os Deuses falam conosco, e estudar o significado de um mapa astral é invocar a energia deles. Isso é adivinhação no sentido original do termo, consultar o divino, invocar os deuses para nos darem orientação. A astrologia se desenvolveu como um sistema vivo de estudo da ordem divina nos céus, tal como se reflete na Terra, e um sistema de consulta e trabalho com a inteligência divina.

Fazer uma leitura astrológica é um esforço sacerdotal. A palavra adivinhação inclui a raiz divina, e significa aprender a vontade dos deuses. Portanto, estamos trabalhando com os deuses sempre que lemos um mapa astral, quer percebamos ou não. Estamos invocando os deuses planetários em busca de orientação.

Trabalhar com a orientação divina dessa forma e tentar descobrir a vontade dos deuses na vida de outra pessoa é um empreendimento sério e significa assumir uma importante responsabilidade ética. Em certo sentido, somos responsáveis ​​pelo efeito que a leitura tem na vida de uma pessoa, e isso não deve ser encarado levianamente.

Estamos assumindo a tarefa de transmitir a vontade dos deuses e influenciar o destino de outra pessoa. Isso se aplica até certo ponto a qualquer aconselhamento, mas acredito que seja especialmente verdadeiro na astrologia. Por definição, a astrologia trabalha com a expressão da inteligência divina no mundo, e nós, como astrólogos, estamos estudando isso, nos sintonizando com isso, expressando isso. Servimos como porta-vozes da vontade dos deuses.

Por isso, precisamos fazer isso de forma limpa – precisamos ser janelas transparentes.

Astrologia como Teurgia

O contato com os deuses, a consulta com os deuses, é o cerne da astrologia. Esse contato vivo é, em grande parte, o que atrai as pessoas ao estudo da astrologia. Ele alimenta uma fome interior – por contato divino, por orientação divina e por um senso de propósito. A astrologia alimenta nossa necessidade de saber que estamos aqui por uma razão, que somos parte de um plano e de uma ordem maiores.

Essencialmente, isso é uma fome pela experiência da Providência Divina.

Buscar o contato divino é um esforço valioso que precisa ser feito com cuidado e preparação. Se você já fez algum trabalho ritualístico, sabe que invocar os deuses não deve ser encarado levianamente, se você não quiser perder o equilíbrio e cair de bunda no chão.

Tradicionalmente, o trabalho da teurgia, o contato com os deuses, não é o primeiro passo no trabalho espiritual, é o último passo.

Os caminhos tradicionais de treinamento espiritual incluem bastante trabalho preliminar que precisa ser feito antes que a teurgia possa ser praticada com segurança, sem o risco de perder o equilíbrio.

O Trabalho Preliminar

Na porta de entrada do templo está escrito: Conhece-te a ti mesmo . Este é um caminho de autoconsciência profunda e extrema. Isso inclui estar ciente dos próprios preconceitos. Inclui examinar cuidadosamente como você fala e age, o que você valoriza e quais as implicações dos seus valores para você e para os outros.

Praticar astrologia de forma útil e proveitosa exige um alto nível de autoconsciência. Não que precisemos ser santos, ou agir como eles, mas precisamos estar cientes de nossos pontos fortes e fracos, nossos valores e preconceitos, para garantir que não usemos nosso trabalho como forma de coagir nossos clientes a seguirem nossas preferências.

Treinamento Moral

Fazer isso corretamente exige maturidade moral. Na tradição platônica, isso se expressa em termos das virtudes cardeais, todas relacionadas ao equilíbrio e ao controle – justiça, prudência, coragem, temperança.

Temperança tem a ver com equilíbrio e controle de nossos apetites e desejos físicos – não suprimi-los, mas mantê-los em equilíbrio e proporção adequados.

Coragem tem a ver com equilíbrio e controle da nossa vontade. A palavra coragem inclui uma raiz que significa coração, e tem a ver com ter o coração e a força de vontade para agir de acordo com nossos valores mais elevados.

Prudência tem a ver com equilíbrio e controle na forma como usamos a mente e tomamos decisões. Trata-se de escolher com cuidado e considerar as implicações das nossas escolhas.

Justiça é uma virtude social maior e diz respeito ao equilíbrio e controle de nossas próprias vidas dentro do contexto da sociedade e do mundo em que vivemos.

Treinamento Filosófico

Parte desse caminho é a necessidade de treinamento filosófico e linguístico. Precisamos considerar o que significa viver em um universo onde a astrologia faz sentido. Não podemos nos dar ao luxo de uma desconexão entre o mundo cotidiano que ocupamos e o mundo em que entramos quando trabalhamos com astrologia. No contexto da nossa visão de mundo ocidental moderna, a astrologia é um absurdo supersticioso, e não podemos nos dar ao luxo de pensar dessa forma quando trabalhamos com os deuses. Pensar sobre o nosso trabalho com astrologia acaba afetando a maneira como vivemos nossas vidas cotidianas.

Como observamos anteriormente, atrair os deuses intensifica seu efeito. Estamos invocando uma energia potente de alta voltagem para entrar em nossas vidas. Isso traz à tona e manifesta partes ocultas e até então latentes de nós mesmos, tanto o melhor quanto o pior de quem somos. Sem cuidado e consciência, isso pode desequilibrá-lo.

Essa autoconsciência também é necessária para garantir que a astrologia não se torne um disfarce para coerção política ou moral. Sem autoconsciência, é muito fácil nos deixarmos levar pela moda passageira ou histeria do momento e adaptar nossa astrologia a isso. A astrologia é uma arte e disciplina sagrada, muito mais ampla do que qualquer período histórico ou qualquer posição política ou ideológica. Ela precisa incluir um nível suficientemente alto de autoconsciência e maturidade para que possamos reconhecer e respeitar os pontos de vista e valores de um cliente que podem ser muito diferentes dos nossos, e ajudá-lo a trabalhar com os valores que ele escolheu.

Motivos e Valores

Como lidamos com questões de significado último na astrologia, é muito importante ter consciência de valores. Refiro-me ao que realmente valorizamos, ao que realmente consideramos importante – não ao que dizemos da boca para fora, mas ao que vivenciamos em nossas ações. Também precisamos estar cientes o suficiente de nossos valores e preconceitos para que possamos proporcionar um espaço seguro para o encontro com outras pessoas com valores diferentes em seus próprios mundos, e permitir que os deuses falem ali, em vez de impor nossas próprias opiniões e pontos de vista.

Uma parte muito importante da filosofia platônica como disciplina espiritual se preocupa com a consciência de valores. O diálogo socrático, ou dialética, é o processo de tomar o que parece ser uma afirmação ou julgamento direto e investigá-lo, examinando suas implicações subjacentes e as consequências de tal julgamento.

Em um contexto mais amplo, esse processo dialético consiste em rastrear crenças e valores até sua origem. Trata-se de um processo de despertar gradual e de nos aproximarmos cada vez mais do centro de quem somos.

No centro, cada um de nós se conecta ao Um.

Todos os caminhos espirituais convergem, em última análise, para o Um e o Bem. Tudo emerge de lá, tudo retorna para lá. A realidade começa e termina no Um e no Bem, e o caminho da filosofia consiste em resgatar a consciência da nossa conexão com o Um.

A astrologia faz parte desse processo. Corretamente compreendida, a astrologia é um subconjunto da filosofia e faz mais sentido como parte de um caminho filosófico geral.

Os Deuses Estão Nos Chamando

Uma coisa engraçada acontece quando você segue um caminho espiritual por tempo suficiente. Começa com a sensação de estar em busca de Deus, dos deuses, do divino — ou talvez o motivo consciente que impulsiona a busca seja o desejo de poder, de amor ou de reconhecimento.

Muitas vezes, entramos no processo pensando que queremos algo dos deuses… e em algum ponto o processo se inverte. Em vez de buscarmos os deuses, percebemos que eles estavam nos procurando. Em vez de querermos algo dos deuses, descobrimos que os deuses querem algo de nós.

Este é o segredo oculto de toda a teurgia: não somos nós que invocamos os deuses, são os deuses que nos invocam.

A palavra vocação vem de uma raiz que significa ser chamado – outra palavra para vocação é chamado. Pensamos que queremos fazer algo com o universo, quando o tempo todo é o universo querendo fazer algo conosco.

Astrologia é uma vocação, um chamado. Se você sente o desejo de estudar e dominar astrologia, pode parecer que está em busca dos deuses. Se for um verdadeiro chamado, são os deuses que estão em busca de você – porque você tem trabalho a fazer. Isso exige muito tempo, muito trabalho, muita disciplina e muita autoconsciência.

Estude astrologia e você estará estudando a estrutura da mente do divino – o estudo da ordem divina – e, mais importante, o estudo de onde nos encaixamos nessa ordem.

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